Rio Bueno, 800 km ao sul, Patagônia Norte. Para um exercÃcio de pintura Patricia observou certa vez nesta coordenada exata de um trecho do rio Bueno, um arrayán (árvore tÃpica da região sul) à s margens do rio. Foi aquela figura da árvore, com suas ramas avermelhadas a que pareceu chamar mais sua atenção, a escolhida para o exercÃcio. A proposição inicial consistia em selecionar um único elemento retirado do seu entorno natural e fazer dele um fenômeno distinto, algo que provocasse as mais variadas reações. Eis o que ela quis experimentar ao se deter e captar a imagem da árvore e seu reflexo na água com a multiplicidade de formas e imagens reveladas. Foi assim como começou esta série de pinturas. ..Desde a primeira observação até a data da pintura Aguagramas II, 2015, se passou o perÃodo de uma década, tempo para observar a qualidade mutante da água, que como demonstra o filósofo Heráclito, o pai da dialética, é infinita, a partir da famosa frase “ninguém se banha duas vezes no mesmo rioâ€... Quando Patricia Claro escolheu este trecho do rio, onde a água é tranquila, sem saltos, nem grandes acidentes, perfeita para refletir a rama da árvore, a motivação que a regeu foi ver na superfÃcie a qualidade de um espelho em movimento. “Trato de entender seu ritmo, trato de captar o que quer me entregarâ€, comenta a artista. ..Pra realizar Aguagrama II Claro tomou como escolha sua técnica por excelência: a pintura sobre linho. Empregou pigmentos delicados e vernizes para dar o efeito da transparência das águas. Para aproximar cada vez mais ao espectador da Imagem (com letras maiúsculas) a artista trabalhou as duas dimensões fundamentais fornecidas pela visão atenta do rio. A imagem torna-se “dualâ€: de um lado o reflexo na superfÃcie – segundo o fenômeno da reflexão – , e de outro, o plano que causa um contraste com o luminoso azul, mediante a sombra da rama da árvore – segundo o fenômeno da refração que a á