“A água manifesta-se como um vazio, e se a água se manifesta de outras formas, é através da paisagem†– afirmou PatrÃcia Claro. É por isso que por trás da investigação sobre percepção e a representação desta paisagem, que tem sido consolidada no trabalho da artista por mais de uma década, há uma busca incansável por descobrir cada vez novas facetas do elemento aquoso. Para tanto tem empregado uma diversidade de técnicas pictóricas, antigas e modernas, que vão desde a aplicação e superposição de capas finas de veladuras e tintas, até a aplicação de máscaras feitas por recortes da imagem para isolar umas áreas e intervir em outras. Contudo, a artista chega a colocar como uma das mais recentes prerrogativas, a realização de vÃdeoarte na série que intitula Carta de Ãgua...Com o vÃdeo, sendo este um médio que permite ampliar as possibilidades da representação, tanto visuais como sonoras, Patricia Claro trata de exprimir novamente a linguagem da água. Na sequência da abertura o rio fluirá ante nossos olhos, primeiro desde uma câmera fixa e frontal da perspectiva clássica; depois a partir de um plano que intercala o ponto de vista de cima, com um close up bem aproximado, nos transmitindo dualidade e dialética heraclitiana, conceitos perceptÃveis no rio mais que em nenhum outro elemento. No segundo plano sequencia, como recortadas do contexto, as letras e os hieroglÃficos saem da água até compor uma escrita vertical à maneira oriental. É sabido que a caligrafia chinesa forma seu alfabeto não como outras lÃnguas, por aproximação fonética, mas por derivação de vetustas pictográficas. Levando isto em consideração, a artista dirige a dança das letras ou ideogramas desde seu emergir das sombras ou dos reflexos até saÃrem de vez do quadro da paisagem filmada e entrar num vazio branco indicando o papel qual simbólico suporte onde ficará plasmada a escrita toda. ..O fluir dos movimentos vai acompanhado de um som,